sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Artigo de Anny Malagolini do Campo Grande News em 16/08/2013

16/08/2013 08:00

Vizinhos de bares ganham a fama de chatos, mas conseguem se livrar do barulho

Anny Malagolini
A casa de shows santa Fé segue sem funcionar desde maio (Foto: João Garrigó)A casa de shows santa Fé segue sem funcionar desde maio (Foto: João Garrigó)
Brigas, noites sem dormir, telefonemas no meio da madrugada, processos e muita dor de cabeça. Os sintomas são os mesmo de dois professores de Campo Grande, que em comum tem, ou tinham. como vizinhos um bar com música ao vivo. É o outro lado da polêmica envolvendo a lei do silêncio na cidade.
O mais famoso "chato" (na visão dos empresários) é o professor universitário Mario Márcio Cabreira, de 51 anos. Ele conseguiu silenciar o vizinho, a casa de shows “Santa Fé”, na rua Brilhante. Desde 2008, os finais de semana renderam brigas, telefonemas na madrugada e pouco sossego. Foram anos de protesto, que envolveram, inclusive, centenas de e-mails à redação do Campo Grande News.
A reclamação ia muito além do som alto da casa, os ataques também eram pelo o barulho de circulação de pessoas e até mesmo o apito dos guardadores de carros.
O bairro Bandeirantes, endereço do Santa Fé, é um local residencial. Quem cresceu nas ruas sossegadas se incomodou com a aglomeração. Sujeito caseiro, como ele mesmo se define, Mario Márcio explica que buscou seus direitos como cidadão, amparado pela lei municipal Nº 2.909, que no artigo 88 proíbe perturbar o sossego e o bem estar público com ruídos, vibrações, sons excessivos ou incômodos de qualquer natureza, produzidos por qualquer forma, que contrariem os níveis máximos de intensidade.
Contra a fama de “chato”, Mario Márcio se defende: “Todo mundo tem direito de ouvir o que quiser, mas tem que respeitar o direito do outro”.
Mário Márcio ainda fica indignado com o que enfrentou no passado.Mário Márcio ainda fica indignado com o que enfrentou no passado.
Mudar de casa nunca foi uma opção conta Cabreira, que nasceu e foi criado no mesmo endereço e ganhou a casa como herança do avô, que comprou o imóvel em 1959.
Ele é contra os imóveis serem destinados a locais de entretenimento na região, por ser residencial, mas sabe que a descentralização de bares e casas noturnas é uma realidade para a capital. “O desenvolvimento é inevitável, o homem tem domínio da tecnologia, mas o ganho não pode se sobrepor sobre a humanidade. Isso da cidade ter de ser grande, é discurso de empresário. Tem é que ser planejado”.
Com as inúmeras reclamações e ligações para a Polícia, para que intercedesse, o professor conta que se tornou motivo de piadas, mas mesmo assim, decidiu seguir em frente, com fama ou não.
Neste ano, a casa até foi reforma para evitar a reclamação por conta dos ruídos, mas não foi o suficiente para a vizinhança e em junho deste ano, o local foi colocado à venda.
O "Santa Fé" está interditado pela justiça desde o mês de maio. O advogado que representa o local não quis se pronunciar sobre o assunto.
Salas foram construídas ao lado da casa da Ângela, para diminuir os ruídos do Park's. (Foto: João Garrigó)Salas foram construídas ao lado da casa da Ângela, para diminuir os ruídos do Park's. (Foto: João Garrigó)

Paredão - Em outro ponto da cidade, em área nobre, a também professora, Ângela Costa, de 60 anos, virou daquelas vizinhas  que não largam o osso. Passou anos enfrentando o que chama de desordem sonora no vizinho do lado direito, o “Park's Burger”, um dos mais tradicionais de Campo Grande.
A música ao vivo, de segunda a segunda, começou a incomodar Ângela desde que o bar se instalou na rua Itacurú, 140, do bairro Itanhangá, em 1992. Apesar do som ser sempre na toada da MPB, mais tranquilo, nada confortava a vizinha.
Até o filho tocava percussão alguns dias da semana, mas nada das pazes florescerem no Itanhangá. Foram anos arrastados, marcados por acordos informais.“Eu estava em um estado de nervos e até me mudei de casa. Depois voltei ao antigo endereço, mas o incomodo persistiu”, conta.
O tal "acordo pacífico", proposto pelo proprietário do bar, durou pouco. Ele pediu à Ângela que ligasse, sempre que o som estivesse a incomodando, para que o volume fosse diminuído. Mas o trato não vingou. "Até ir ao bar no meio da madrugada eu fui um dia, para tentar acabar com o barulho". 
Após o episódio, ela conta que finalmente procurou a Justiça. Depois de um ano de espera e audiências, o bar entrou em reforma, no ápice da "contrariedade". O próprio empresário resolveu investir para acabar com a dor de cabeça. Construiu, inclusive, uma grande estrutura, com salas, na tentativa de isolar a vizinha. Parece que deu certo, e acabou o entreveiro.
Hoje, a professora comenta que raramente liga no bar e que até voltou a frequentar algumas vezes, não mais como reclamante, mas como cliente. “Só queria que diminuísse, não é show, tem que ser um som para poder conversar, e isso não acontecia”.  
Agora, Ângela resolveu reclamar dos vizinhos da frente e já mexe os pauzinhos contra o que chama de "jogatina" em um imóvel na mesma rua.
O proprietário do Park's não quis comentar o assunto.

Morei mais de uma década, ao lado de uma casa de shows em Paraguaçu Paulista - SP, denominada "explosão musical". Nunca, nem eu, nem qualquer vizinho ouviu um som ou teve qualquer problema com os frequentadores. O motivo dessa paz é que lá, os empresários não queriam só lucrar. Lá eles investiram em estacionamento, revestimento acústico e segurança. Aqui em Campo Grande, esse empresários acham que o trabalhador que mora ao lado desses verdadeiros puteiros devem suportar a farra da noite e ter levantar cedo pra enfrentar a vida.
otevil neto em 16/08/2013 11:57:22
Gostaria da expertise dos entrevistados para resolver a balbúrdia que se tornou a Bolero Casa de Dança, que está a duas quadras da Santa Casa de Campo Grande. Cheguei a denunciar ao MPE o descumprimento de problemas relativos ao som nos finais de semana -os bailões de sexta e sábado invadem as 4h com som no último. Em resposta, ouvi que a Semadur deveria ser notificada para solucionar o problema. Detalhe, isso já faz uns quatro meses. Até agora, as noites nos finais de semana continuam um inferno para quem vive no Centro.
Humberto Vinicius Marques em 16/08/2013 11:00:24
O problema, nem sempre, é a casa noturna, mas seus frequentadores.
usam as calçadas e muros como banheiros, deixando cheiro horrível. A algazarra externa tbém é mt grande. Fecham vagas de garagens, etc. tem tbém os tais flanelinhas, que se julgam os donos do pedação. Todos tem o direito de se divertir, mas há que se ter espaço próprio.
silvio pedro em 16/08/2013 10:21:39
Antigamente era casa da mãe Joana, agora existem leis para preservar os ouvidos do cidadão. Em suas residências, os cidadãos não precisam usar de protetor auricular para sobreviver aos ruídos exteriores; é dever dos bares priorizar as pessoas e paciência para equipar seus ambientes para produzir o mínimo de "barulho" possível.
Guilherme Mello em 16/08/2013 10:18:23
Gleison, reclamar por causa de um barulho que acontece vez ou outra realmente é intolerância demais, mas coloque-se no lugar de quem mora ao lado de uma casa de shows com som alto quase todo dia. Tem como ficar de bom humor sem dormir um dia sequer? Hoje existem tantas formas de amenizar ou eliminar esse problema com materiais isolantes acústicos. Cito como exemplo o Estoril, que pode estar com o som altíssimo lá dentro, com banda de formatura ou carnaval, e ao sair na porta você não vai ouvir mais nada. É mesquinharia do empresariado que não quer investir e joga a culpa do fracasso na população que reside em volta há décadas e, de uma hora pra outra, tem que aturar som no ouvido a madrugada toda.
Paulo Medeiros em 16/08/2013 10:12:05
Em que pesem os que discordam, o meu direito termina onde começa o direito do meu semelhante. Numa sociedade evoluída, o respeito às pessoas deve imperar; caso contrário, as leis devem ser cumpridas a qualquer custo. Parabéns àqueles que lutaram pelos seus direitos e que isso sirva de alerta aos menos avisados ou educados.
sebastiao dos reis em 16/08/2013 10:03:55
esses bares são mesmo uma baderna, na vila Alves pereira também tem um assim eu estou até com um baixa assinado pronto para entregar no Ministério Publico para ver se resolve
MARIA JOSILENE SANTOS em 16/08/2013 09:47:27
E por isso que Campo Grande e conhecida a cidade dos colchoes e farmácias, porque os doentes e cansados não gosta de se diverti e reclama dos barulho e festa, mas quando era mais novos eles fazia a maior baderna e ninguém falava nada, agora essas mesmas pessoas agora reclama do barulho.
Gleison f. Santos em 16/08/2013 09:35:09
Todos q defendem o silêncio da noite estão de parabéns vcs não viram nada no meu bairro campo belo tem um tal de (bar do papai) q é um inferno total começa na sexta feira às 10:30 hs, sábado e vai até às 3, 4 hrs da madrugada e domingo começa por volta de 4 hrs da tarde e vai até às 11:00 hrs da noite todos esses dias tem show ao vivo parece q está dentro da casa da gente de tão alto q é o som não dá p/ assistir TV e nem escutar uma música dentro de casa fora a barulheira de motos e carros q fazem barulho tbém com som alto e arruaça na frente da casa dos moradores é um verdadeiro inferno mesmo já foi denunciado por várias vezes mas ninguém fez nada um verdadeiro desrespeito com quem trabalha semana inteira e quer descansar nos finais de semana tem tbém a prostituição e as drogas e aí.....
Vania Maria Fracalossi em 16/08/2013 08:54:32
Prof. Cabreira, finalmente o senhor conseguiu!! hahahahha aproveite a paz agora...
Andréia Menezes Lorenzoni em 16/08/2013 08:43:12
Se o problema se restringisse somente aos bares, boates e similares seria ótimo, mas vai mais além, quanto pior o gosto musical maior a disposição em compartilhar com os outros o volume máximo...
Marco Aurélio em 16/08/2013 08:40:02
No Bairro Santo Antônio também tem um desses malfadados "vizinhos"...é uma bagunça todo final-de-semana. Frequentadores mal-educados, bebedeiras altas horas da madrugada, e afinal de contas, os vizinhos é que são "chatos"..impertinentes..e outros adjetivos.
Eugênio de Souza em 16/08/2013 08:33:01
Não sei quanto ao Park's, mas o Santa Fé era uma esculhambação. Moro pertinho, além do som alto, a bagunça chegava interditar a rua Brilhante, via de trânsito intenso e uma das saídas da cidade. Não há o que argumentar. Se não pode realizar shows no Parque de Exposições uma vez por ano, o que dizer da zueira semanal naquela área, totalmente povoada? Parabéns ao professor Mário Marcio, eu me somei aos protestos muitas vezes.
João Prestes em 16/08/2013 08:12:18

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